quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As mulheres, a moda e os cabelos...

...ou simplesmente: mudança!
No mundo da moda não são apenas as roupas que mudam a cada estação. Os cabelos também. Desde a antiguidade, tanto homens quanto mulheres têm demonstrado grande preocupação com a saúde e beleza dos cabelos Nos tempos modernos não é diferente. Aliás, os cuidados e a vaidade só aumentaram. Hoje em dia, basta aparecer um corte novo, uma nova técnica para alisar, ondular, pintar ou mesmo uma atriz surgir na novela com um novo estilo que a mulherada corre para o salão de beleza. Mas tem outras que não precisam nem de uma nova tendência. Basta estarem na TPM para entrar no salão desesperadas em busca de um novo visual. Funciona assim: uma repaginada nos cabelos = um astral muito melhor. As vezes acontece o contrário e a gente sai do salão chorando mais ainda (rsrsrsrs). Mas, calma, hoje em dia para tudo tem um jeitinho, até mesmo quando cortam mais do que você pensava (apliques, mega hair e outros tipos de alongamentos estão ai prá isso). Mas, o mais comum ainda é sair do salão se sentindo uma nova mulher. Para umas basta uma boa lavagem e uma boa escova. Para outras, um retoque na pintura e, tudo azul!  Mas para outras, como eu, a mudança precisa ser mais radical. Comigo é assim. Nunca consigo deixar o cabelo crescer. Vira e mexe (especialmente quando os hormônios entram em ebulição) corro para o salão querendo mudar tudo. Foi o que fiz ontem. Sentei na cadeira e disse a cabeleireira: corta! O resultado é esse ai que vocês estão vendo na foto. Agora é esperar crescer ... e depois, em um mês qualquer, entrar no salão e falar: quero mudar!

A moda além da frivolidade

Moda, música, gente bacana, muitos estilos e um objetivo em comum: prestigiar o conhecimento e o trabalho de pesquisa da jornalista, professora e pesquisadora Renata Pitombo Cidreira. Doutora em Comunicação, Renata lançou ontem, aqui em Feira, no CUCA – Centro Universitário de Cultura e Arte, o seu segundo livro: “A sagração da aparência – O jornalismo de moda na Bahia”. (Veja resenha sobre o livro abaixo). A noite contou também com o talento do grupo Mínima Música, composto por Monclar Valverde (voz, sax, violão, piano e composições), Tiago Medeiros (baixo, violão, piano e composições) e Gum Bastos (bateria). É a moda além das frivolidades (que eu também curto bastante, diga-se de passagem). É a moda como objeto de  comunicação, cultura e conhecimento.
Para saber mais sobre o livro
O grande diferencial que se percebe no trabalho de Renata Pitombo Cidreira é o seu domínio sobre uma temática tão complexa, como a moda. Jornalista, com mestrado e doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA), atualmente professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e coordenadora do grupo de pesquisa Corpo e Cultura (CNPq), Renata foi a primeira estudiosa, em Salvador, a levar o discurso de moda para a academia. Autora de diversos trabalhos importantes, como Os Sentidos da Moda, publicado em 2005, ela tem como marca a meticulosidade nas suas investigações e a clareza com que constrói suas análises.
Na obra A Sagração da Aparência: o jornalismo de moda na Bahia (Salvador: EDUFBA, 2011), estas características mais uma vez se evidenciam, no momento em que, fundamentada em conceitos engendrados por teóricos clássicos e contemporâneos, a autora monta uma pesquisa cuidadosa, usando a imprensa escrita como fonte para nortear as suas hipóteses, estabelecendo uma particular e sensível conexão para enunciar que “moda é comunicação”.
O livro provoca uma série de reflexões no leitor, enquanto historia a moda na Bahia, através de um extenso levantamento, que teve como referência os jornais A Tarde e Tribuna da Bahia, entre as décadas de 1970 e 1990 – fase em que o mundo apresenta-se economicamente como um modelo puro da sociedade de consumo de massa e o desenvolvimento tecnológico consolidou o Prêt-à-Porter, confirmando o processo da
democratização da moda do vestuário. Em paralelo, a obra desmistifica a ideia de que “não existe jornalismo de moda na Bahia”, ao comprovar que, a moda está presente no jornalismo baiano, desde 1913, quando o Jornal A Tarde dedicou a este tema um espaço, em uma das suas quatro páginas.
Inclusive, através dos diversos textos jornalísticos arrolados, alguns transcritos nesta obra, é possível observar, durante o século XX, uma transformação na formatação das suas estruturas literárias e,curiosamente, constata-se que muitos informaram ao leitor além das tendências das estações que se seguiriam: comentavam sobre a importância da “aparência”, questionando sobre as “estruturas de pensamento vigentes na sociedade”.
Trata Renata, ainda, do surgimento da moda enquanto sistema e constata que a instalação desta dinâmica “só se efetiva porque os meios de comunicação se apropriam dos elementos característicos da moda e passam a reverenciar valores como sedução, novidade, renovação, prazer imediato, etc.”
Além de oferecer uma leitura agradável, o livro traz uma grande contribuição no momento em que a autora faz análises interpretativas dos textos jornalísticos, confrontando-os às teorias inicialmente citadas, e abre espaços para novas discussões de “questões relativas, não só ao jornalismo de moda na Bahia, mas também à própria Moda, enquanto fenômeno cultural autônomo.”
Uma das poucas edições baianas que aborda questões outras no viés da moda, o livro A Sagração da Aparência: o jornalismo de moda na Bahia, além de uma referência para os pesquisadores das áreas de moda e de comunicação, é recomendado para todos aqueles que tenham interesse em uma boa leitura.

Resenha de Márcia Couto Mello - Doutora em Arquitetura e Urbanismo (UFBA), professora e coordenadora do Curso de Especialização em Moda, Artes e Contemporaneidades